É mais fácil eu acabar com todas as folhas do caderno do que escrever este texto! Eu tô querendo escrever sobre muitas coisas, só que sabe a solidão? Então! Me pede um texto desde quando eu descobri meu dom, mas nunca escrevi a respeito. Escrevo a cinco a anos e esta é a primeira vez que me refiro a solidão e mesmo assim não é nada do que quero escrever porque este texto não é sobre uma profunda melancolia que a solidão proporciona para os solitários, este texto é sobre a não solidão. Eu vivo lendo textos que falam da solidão e acho um dos sentimentos mais poderosos porque o estrago que ela causa é de tamanha crueldade, além de ser um dos mais profundos, mas eu não tenho argumentos para escrever com tamanha profundidade. Nunca estive em um estado de solidão. Eu até penso em ficar sozinha, mas não me deixam. Grudam que nem chiclete. Eu não aprecio a solidão, até porque eu tenho pra quem ligar no final da noite pra contar como foi meu dia, tenho com quem botar ovos, tenho colos pra chorar, tenho oito peixinhos pra cuidar e tenho amigos pra contar. Ainda bem!
Menosprezo a solidão porque a coitada não tem vez, mas sabe o que é? Solidão me apavora. Solidão me causa muito mais tremor do que a palavra desprezo. Eu não sou do mal, mas se eu tivesse que desejar algo ruim pra alguém, não seria solidão. Solidão é morte. Uma das piores da espécie porque faz a vítima definhar até o seu último segundo de vida. Minha garantia é porque eu não sou sozinha. Sou várias Anna e várias Carolina em um corpo só. Eu sou minha amiga, minha inimiga, minha esposa, minha amante, minha juíza e minha réu. Imagina se eu fosse sozinha? Imagina se eu terminasse comigo e não corresse atrás? Certamente agora estaria escrevendo: " Deus, porque tão só? Estou sozinha. Não tenho ninguém. Ninguém. Ninguém. Ecoando" porque você sabe, exagerar na dose e fazer tempestade em copo d'água é a minha cara mesmo. Ainda bem. Ainda bem que eu vivo terminando e voltando comigo porque ser eu dá um trabalho, mas viver sem mim faz uma falta danada.
Minha vida é uma crônica...de erros. Eu vivo me deixando, mas antes de raiar o novo dia, eu volto. "Não faz assim. Não briga comigo. Você é idiota. Desculpa? Não. Desculpa. Vai parar de ser idiota? Vou! Amigas? Sim. Senti sua falta, eu te amo. Eu também". Faço as pazes, me mando flores. Lírios, minhas favoritas. Mantendo o clima in love no ar. Eu comigo mesma. O meu singular é o mais atraente que eu já conheci. Eu vou me boicotar mil vezes, mas me perdoarei mil e uma. Se tem um amor pelo qual irei implorar todos os dias de joelho, é o meu. Pessoas entram, pessoas saem, mas no final eu sempre estou feliz e comigo. Estava falando sobre o que mesmo? Aé, da solidão. Solidão? Aqui não. Acho melhor perguntar pro vizinho!
Anna Carolina Morato.
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