Lá vem o outono imitando o inverno. Fazendo-me sentir frio depois de um banho ultra quente logo pela manhã, deixando as minhas mãos gélidas, levando as mechas do cabelo para frente e para trás em um bailar que só os ventos de outono sabem fazer. As folhas já começaram a amarelar, alguma já estão jogadas nas ruas. Agora que o outono chegou... estou deixando as folhas da cidade do meu coração cair. Não dá pra renascer antes de morrer. Estou deixando pra lá. Tô fazendo uma sujeira e tanto aqui dentro. Folhas já secas estão jogadas ao vento e continuam a cair, cair, cair, cair. Até que... até sobrar uma única folha na árvore e então, eu já posso limpar as ruas. Agora que o outono chegou... eu não estou mais em ebulição. Uma tranquilidade me cerca. Uma vontade de ficar só, no meu canto. Agora que o outono chegou... estou crescendo, mas dói tanto. Por quê crescer dói? Por quê deixar as folhas morrer dói? Por quê tudo nessa vida, de certa forma, dói? É sempre muita pergunta para uma caixa vazia de respostas. Vida de gente grande, não é engraçada. Vida de gente grande, é meio chata. Meio idiota. Meio metida. Meio superficial. Agora que o outono chegou... muita coisa irá mudar. É essa mudança que me deixa assim, querendo a solidão. Não me leve a mal se eu passo a maior parte do tempo com os olhos fixo em um ponto qualquer. Algumas coisas precisam ser assimiladas, agora que o outono chegou...
Anna Carolina Morato.
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