Eu sou esta estranheza que ele conheceu. Firme e forte por fora, fraquíssima e molenga por dentro. Entrei no jogo sem ler as regras e estava me sentindo foda se não fosse a vida sair correndo com a bandeira “Vai se fuder legal". Beleza, eu poderia ter ido dormir sem essa.
Eu me arrisquei assinando todas as condições possíveis de quebrar a cara. Despejei meu orgulho no ralo do banheiro, falei dos meus sentimentos. Caralho, eu falei dos meus sentimentos. Eu não falo dos meus sentimentos, não assim, diretamente como falei com ele. Falei, me declarei e ainda quis saber de reciprocidade. Porra de reciprocidade que sempre me ferra por inteira. Deu merda. Idiota. Burra. Burra. Burra. Idiota. Nunca abro a casa do meu coração, quando abro, escancaro as portas, janelas e o que tiver que escancarar. Ele dizia que era sincero comigo e que não tinha medo de falar dos seus sentimentos, só quis corresponde-lo. Ele dizia que era carente de carinho, só quis dar a ele todo o carinho do mundo. Exagerei, em tudo. Acreditei nele, mas aonde ele enfiou o amor? Ele dizia que me amava. Amar assim que da noite pro dia definha? Que porra de amor é esse? Amor, amor, amor, amor não é conto breve. É romance. Que lastimável.
Eu sei que não faço muito o tipo dos homens. Sou maluca, maluca de tudo. Gênio ferino. Personalidade ofegante. Mimada por natureza. Egocêntrica e egoísta. Cansativa. Chata de galocha. Sendo assim, só aguenta quem ama. Ama pra valer. Se não, pede arrego, como ele fez. Cadê o amor dele, hein? O que eu faço com o meu ? Eu forço o choro na frente do espelho, porque eu quero chorar. Estou cheia dele, minha alma está cheia dele e estar cheia dele, pesa demais. É chato demais. Eu só queria chorar pra aliviar a agônia. As náuseas vão diminuindo conforme eu vomito-o em palavras, mas o que eu queria mesmo é chorar. Honestamente, ainda bem que ele não me conheceu de verdade. Ele acabaria apaixonando-se incontrolavelmente ou então, eu faria sentir - se como se estivesse em um hospício. Deixaria - o ainda mais louco, muito mais do que já é. Sou este caos ambulante, que passa na vida alheia como um furacão. Canto desafinado, tenho uma gargalhada horrenda, rebolo mais que a bunda e devoro qualquer um com os olhos. Intensa. Exagerada. Dramática. Impulsiva. Romântica demais. Ingênua demais.
Levar dois pés na bunda do seu primeiro namorado não é nenhum pouco agradável mas eu gosto que ocorram sacanagens comigo porque depois fico pensando em 899 maneiras de narrar os fatos. Textos fofinhos são os que eu menos gosto, escrevo, mas gosto mesmo é dos textos polêmicos, como este. Estes sim, eu escrevo com gosto. Com vontade. Sentindo o vulcão entrar em erupção. Eu tenho um vulcão, eu sou um vulcão. Sabiam disto? Pois é, não sou marasmo. Vivo atiçando fogo e depois, acabo toda queimada. Sou assim, prefiro assim. Depois eu tenho o que escrever, com emoção e com a porra do meu sentimentalismo de merda. Gosto de fazer meus leitores sentirem a adrenalina percorrer pelo corpo enquanto lêem minha alma. Minha alma idiota.
Todos falaram para eu não escrever uma vírgula sequer sobre ele. Ele não merece. Realmente, o que eu sinto por ele, ele não merece. Nenhum bocadinho, mas um texto meu, ele merece. É digno, como todos os outros infelizes que passaram pela minha vida, mereceram. E daí que ele vai se sentir? E daí que ele vai copiar o link do meu blog e mandar para os amiguinhos dele? E daí que ele vai dar um soco na mesa e me chamar de vadia? E daí que ele vai me difamar depois disto? E daí que eu estarei massageando o ego safado dele? E daí? E daí? Eu não ligo. Mando pra puta que o pariu. Foda-se. Ele tem sorte de uma mulher como eu ter se apaixonado por um homem como ele. Eu prefiro ser a louca que os homens preferem mandar pastar com as outras vaquinhas ao invés de ser a mulher superficial, que não incorpora sua própria personagem. Não ser verdadeira é muito pior do que levar um pé na bunda. Um não, dois.
Anna Carolina Cardoso Moratto.
Comentários