Encostada no balcão daquele bar, brincando com o canudinho do meu copo  de energético, ouvindo aquela moda de viola em silêncio com os olhos  fixados em minhas mãos, aquele homem estranho, amigo de uma amiga, que  eu acabara de conhecer do meu lado sussurrou em meu ouvido: "Essa  solidão, tem nome?" E sem pensar se existia nome para aquilo ou não,  retruquei: "Não." Ele não me disse mais nada, eu também nem ousei  encara-lo para responder. Ele não era ninguém para receber uma resposta sincera. Retirei-me. Eu estava afogada em sono, embora  estivesse entupida de energético. Sentei-me no vaso que tinha do lado do  bar, eu não tinha mais pés. Estava exaustada. Eu só queria minha cama.  Minha caminha. Fixei os olhos no chão, pensando em tudo.  A menina do  meu amigo apareceu, eu a olhei e escutei o barulho do seu coração. Eu vi  o quanto ela estava arrazada. Seus  olhos... Ah, seus olhos. Me deu pena daquele olhar. Mas não disse, não  disse nada a ela. Só voltei os meus olhos para o chão. Ela, incomodada  com aquilo, disse: "Não vai chorar." Eu voltei meu  olhar para ela e disse: "Eu não vou chorar, eu não choro." Ela soltou  uma risada de deboche... e continuei: "É sério... Eu não sei mais o que é  isso."  Ela ficou me olhando por alguns segundos, mas não me disse nada. Eu sabia que era ela quem queria  chorar. Permaneci em silêncio. Eu nem fui capaz de perguntar se ela  estava bem, ou dizer: "Não fica  assim não." ou "Ele não te merece." ou "Você supera." Eu não disse  nada. Se eu não queria ver uma  mulher chorando do meu lado, não era eu quem provocaria isso. Naquela noite, eu não era a menina do coração quebrado que segurava o choro, eu só era a menina cuja solidão não tinha nome. Ainda bem!
Anna Carolina Morato.
Comentários
Gostei de como você ammarou o final em todo o contexto da narrativa.
Eu não consigo escrever assim. Admiro muito quem consegue colocar diálogos e encerramentos de forma tão concatenada.